onde dói a alma
e onde o silêncio é apenas aquele eco que invade
os meus ouvidos surdos
Suzana Martins
In Versos
Ana,
quando a gente define que o mundo para e que a gente não escuta mais as coisas bonitas? Quando eu esqueci a esquina que vira para sua rua? Dia desses eu esqueci e fui seguindo rua acima e quando percebi eu já era saudade na sua porta.
Eu descobri que o mundo parou ali… o pé de cerejeira que o moço que comprou a casa deixou por memória de nós duas deu um botão minúsculo em uma madrugada – e ele quase me ligou nesse dia – e a maria-sem-vergonha está coberta de flores. Eu nem sei como fui parar ali, Ana. Era apenas para fazer uma entrega de uma encomenda para além da rua de cima e quando percebi, já estava na porta quase soletrando seu nome, como eu fazia ao te chamar.
Por sua causa me tornei marítima, Ana e invado oceanos atrás de lembranças suas. Por sua causa, me tornei entendedora de astronomia. Capturo Marte em qualquer canto do céu. Leio em notícias que pode ter vida em Marte e eu já te vejo. Leio que Marte pode estar destruindo uma de suas luas e eu já imagino o que a coitada fez para te irritar. E o que você fez com as marés? Alguém disse que as marés estão incontroláveis em algum ponto do sul. E com o céu, Ana? O que você fez com o céu?
Eu vi o céu de madrugada e contei todas as estrelas que se encaminharam – quase como o Caminho de Santiago – para Marte… tão visível no céu e no meu coração. Só que, como eu disse, o mundo parou no poema da Suzana Martins e eu fico seguindo o rumo das marés…. envio sinais de que você ainda vive em mim e clamo saudades em seu idioma favorito.
Mas, quem disse que escuto, Ana? Devo reciclar as conchas? Devo redecorar as memórias e devo dizer que a vida além de Marte é só lúdica dentro de mim? Não me entenda mal… não é tão sofrido esse sentimento… ou até é. Mas, como eu te disse várias vezes, que algumas etapas eu nunca vivi e as que vivi, preservo como se fossem fósseis para serem guardados, para que todo mundo saiba que existiu,
E te confesso que para alguns sons que me levam até você, fiquei surda. Ignoro-os. Mas, na madrugada silente, quando ouço o vento ecoar nas folhas de árvores que você não viu brotar, é seu nome que escuto, quase em braile.
Mariana Gouveia
Projeto Blogvember – Scenarium Livros Artesanais
Participam juntos comigo: Lunna Guedes – Obdúlio Nunes Ortega – Roseli Pedroso e Suzana Martins
Ph: tumblr
Minha Menina Mariana, o mundo parou aqui na tua missiva. O teu pulsar mais sublime e sentimental! ❤
Vc é uma maravilhaa!!
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Tu que é! ❤
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Amazing👍 share my friend💞🤗
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Thanks!
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