para a vida apagar de uma vez
Flávia Côrtes – As estações
Cris,
lembra quando eu te disse sobre o círculo de vida da libélula? Acho que nesse dia eu toquei sua tatuagem como se quisesse te dar asas. Você é esse encontro de vida e de almas de outros tempos. Acho que te reconheço de outras vidas. Essa sua mão já tocou a minha em infinitas vezes quando quase todo mundo soltou. Mas, você se encanta pelo ser que voa. Quase um dragão de asas. Fui até estudar a vida delas, Cris.
Há três estágios de vida e nem vou me atentar aqui, Cris, na nomenclatura que a biologia explica. Eu quero apenas te associar a elas, já que você ama tanto essa fada que voa. Eu te disse e acredito que elas sejam fadas, mas isso, é apenas a parte lúdica de nosso carinho.
Ovo, ninfa e adulto… esses fatos e ciclos devem ser explicados em sua aula de biologia, Cris, aqui no meu quintal, eu as protejo do siriri – um pássaro lindo, mas que fica atento aos bichos que voam – e vez ou outra, me pego chorando quando vejo ele com uma para além dos muros, no fio de energia elétrica, no bico.
Confesso que fico rezando para que elas nem sofram e que ele – o pássaro – cumpra sua função de predador e a vida delas apaguem de uma vez. Fico pensando se é a que pousou em meu dedo horas antes.
Depois, Cris, te ligo e me conformo com as etapas da vida e a velha frase de que tudo acontece ao seu tempo: nascer, viver e morrer… o extraordinário acontece quando a gente menos espera na metamorfose. Tudo se reconstrói, Cris… a gente só não sabe como…
Mas sabe quando me reergo e me vejo capaz de seguir em frente? Quando teu olho me alcança e nele vejo as mil possibilidades de viver. Seja em asas, em voos ou simplesmente, em uma metamorfose.
Te amo sempre,
Mariana Gouveia
Projeto Blogvember – Scenarium Livros Artesanais
Participam juntos comigo: Lunna Guedes – Obdúlio Nunes Ortega – Roseli Pedroso e Suzana Martins
ph: Mirjam Appelhof
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