O amor foi a lâmpada, mas no rompante de quem não era
O amor não existiu…
Ana,
Na terra de um, no mundo dos cem eu vivi para abrir o seu baú… eu já conhecia metade das coisas que habitavam ali, entre o vácuo de um tempo – o papel de bala, o pauzinho do picolé da Kibon que te dava direito a mais um e você não quis – e juro que esse tempo é quase meio século entre as idades todas e o pedaço de história costurada em letras japonesas.
Foi na madrugada de hoje quando o céu em seu perfeito estado de imperfeição quase alinhou Vênus, Júpiter e a Lua. Eu fiquei vagando em cantos de muros para fugir da árvore que tentava roubar os ângulos e eu me perguntava: cadê Marte? Li que querem saber como é Marte por dentro… Eu que vivi com suas variantes e instabilidade dou risadas por aqui…
Hoje, na conjunção de quase alinhamento de Vênus, Júpiter e Lua eu estranhei o céu em sua parte que eu não via. Mas quando o brilho do fenômeno me atraiu eu já imaginei que você mudou de planeta… tão ansiosa nesse modo de espera das coisas, você desbrava o caminho e se vai. Doze anos é muito tempo para um lugar só… Aposto que aquela estrela mais brilhante ali, nessa conjunção astral é você, quebrando barreiras e se misturando em um plano astral maior do que as lembranças que seu baú me traz.
Quando leio em alguma matéria: o que vimos em Marte é que temos um núcleo maior e mais leve do que era esperado – eu já imagino você e seus rompantes dominantes. Só que quando vejo essas coisas de céu daqui da Terra eu fico te buscando nas memórias ainda vivas, em mim.
Aspiro a brisa no quintal… o cheiro de folhas úmidas. Eu vim de um tempo que não sou e vivo pra um tempo que não sei ainda qual será… mas eu fico encantada – ainda – com a magia que seu nome me causa. De alguma forma, mesmo com algum termo desconhecido você habita o céu do meu lugar. Logo eu, que fui sempre de presença… de toque. Como se toca um planeta, Ana? Como uma estrelinha – aquela da Cartilha Caminho Suave – pode alcançar essa dimensão de luz quando nem se sabe ao certo o nome da estrela brilhante? Marte pode ter fugido de algum quadrante e ido parar anos luz na saudade?
Eu vivi em todos os séculos Eu fui o sentido, o fim e o meio… esse meio em um campo celeste que você está e por isso, o fim nunca é fim… Sempre o meio para que eu chegue até você. Eu fui autora e você a poesia. Te embrulhei em uma Colcha de Retalhos e hoje você é livro contado em fotos e emoções. Hoje, alguém já conta a história de amor entre um planeta e eu… Hoje, seu nome já é sabido na terra de um, no mundo dos cem.
Me disseram que amor assim não existe e eu acato… deve ser sonho essa conjunção no céu que rege o horóscopo do dia… afinal, esse alinhamento é quase perfeito nesse sentimento de estar com você, pelo menos até o sol amanhecer em um planeta mais brilhante nesse período, no céu.
Eu sempre soube que você saberia dar um jeito de chegar até a mim, mesmo que passasse doze anos… ou mais… mesmo que os séculos nos roubasse o riso entre um quase triângulo nesse pequeno quadrilátero entre os muros onde eu vivi você.
Mariana Gouveia
É abril e é mês de b.e.d.a – blog every day april
Lunna Guedes – Obdúlio Nunes Ortega – Ale Helga – Mãe Literatura
só porque hoje fazem doze anos que ela virou estrela
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