Tinha dias que chovia e fazia sol. Era a magia do tempo acontecendo e refletia dentro das gotas que caiam… O jardim aproveita os bocados da chuva, era nessa hora que a mãe falava da delicadeza da cura pelas plantas e de como eram abençoados esses dias de água. Ela conhecia a aridez dos dias secos e do quanto fazia falta se a chuva não acontecer. A vontade do jardim de florescer fica mais latente nesse tempo… as ervas daninhas faziam oferendas no quintal e a vida acontecia liquida.
Os gestos nos ramos viviam de entrega à água.
Era amor em pequenos atos da natureza e a gente. Quando o tempo dava um espaço para o sol, a flor se abria e seguia seu caminho rumo ao calor.
As janelas se abriam para que entrasse a energia renovadora do sol dentro de casa… o extravio morno na pele.
Mariana Gouveia
Desvios para atravessar quintais
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