Querido leitor,
Talvez, a melhor forma de agradecer a você que me lê nesse dia mundial do livro é te escrevendo uma carta. Escrever para mim é desnudar a alma e fazer com que a minha emoção toque a sua.
Claro que desde menina eu sempre quis que minhas palavras atravessassem os campos da fazenda onde nasci e encontrassem amparo em algum olhar, em alguma mão. Uma das maneiras que criei para escrever foram as cartas. Menina ainda, através do rádio, minhas palavras ganhavam cidades, estados e diferentes lugares dentro de envelopes e muitas dessas cartas me trouxeram como respostas amigos do coração.
Nesse meio tempo me tornei artesã, mãe, esposa, radialista e a escritora esperava uma oportunidade que surgiu quando conheci Lunna Guedes. O destino me ligou a ela através de blogs e do selo artesanal criado por Lunna e Marco Antônio: Scenarium Livros Artesanais… o encanto pelo trabalho artesanato que Lunna tão lindamente faz falou mais forte e em 2015 meu primeiro livro de poesias foi costurado em fitas de cetim com o selo artesanal da Scenarium e O Lado de Dentro ganhou forma no papel… já na terceira edição.
O lado de dentro — a poesia de Mariana Gouveia viaja no tempo e espaço, e nos põe sentados a mesa do café, para divagarmos sobre lugares imaginários onde o vento leva arrepio a pele onde os sentimentos todos se amontoam e são como pétalas na primavera, e são como folhas no outono, e são também verão e inverno.
No ano seguinte, veio o convite para que participasse do Projeto Diário das Quatro Estações. Um projeto inspirado em diário e escrevi Cadeados Abertos e não paramos mais.
Cadeados Abertos — é uma espécie de caixa de costuras que toda casa antiga tinha, com carretéis de linhas, agulhas, dedais e retalhos de tecidos… caixas com botões coloridos e uma tesourinha para cortar o fio. Cada item impulsiona uma lembrança — vivências singulares que nos toma pela mão e conduz aos caminhos do coração da autora.
Participei de alguns projetos coletivos da editora como Sete Pecados, Coletivo, Feliz Ano Velho, Sete Luas e outros, além das edições da Revista Plural com textos e em sua maioria, cartas.
Meu primeiro romance Corredores, codinome: Loucura foi lançado em 2018 e decidimos que ele não caberia em um livro só…Dividimos em dois livros e Portas Abertas, codinome: Lucidez foi lançado em 2019.
Corredores, codinome: loucura — é um romance que nos coloca diante da pergunta: é possível duvidar da própria lucidez? Maria é trancada num hospício pela própria mãe, que promete voltar para buscá-la depois que estiver curada. Entregue aos cuidados de Mathilda — uma mulher que não enxerga pessoas, apenas números numa folha mapeados pela condição determinada por ela e, assegurada pelo Estado que só quer se livrar de seus “doentes”.
A jovem Maria percorre os corredores de sua nova-casa em meio a abusos e punições severas, tentando preservar qualquer coisa de lucidez.
Portas Abertas: codinome lucidez — Maria deixou o hospício com a ajuda do Doutor Arthur… mas, quando se deixa a escuridão, é necessário se acostumar a luz. Leva tempo e não é nada fácil identificar o que sobreviveu após tanto tempo vivendo entre loucos e, de repente, ter sua lucidez reconhecida…
E novamente, o projeto Diário das Quatro Estações me envolveu e surge Desvios para atravessar quintais. Lançado em 2020, em plena pandemia, e talvez, por isso, um sopro na alma dentro dos dias ruins.
Desvios para atravessar quintais… O Diário das Quatro Estações é sobre os dias aleatórios que avançam dentro do tempo e é feito da palavra que cabe no papel antes que sufoque o peito; é o retrato dos meses que ficam na memória das horas e no mapa feito dentro dos muros e para atravessar os quintais usei os desvios traçados no mapa que o coração costurava e mesmo quando desenhava asas na areia sentia que o pássaro voava e que possuía o céu inteiro .
Meus livros são artesanais. Costurados um a um, em costura japonesa pelas mãos da Lunna. O livro artesanal só é costurado quando você o encomenda. Portanto, cada exemplar é único em seu preparo. As histórias, as poesias, os poemas e até mesmo as cartas quando te alcançam já nos emocionaram bastante. Desde a escolha do papel, da capa e da maneira que fazemos chegar até você, mesmo que você não tenha o livro – ainda – mas lê em alguma das minhas redes sociais ou da editora algum pedaço de texto, poema, ou citações.
Há mais coisas na caixinha vindo aí… projetos feitos para te tocar e te emocionar. Espero que até lá esse laço se fortaleça ainda mais.
Por isso, te agradeço e te envolvo no meu carinho.
Abraço carinhoso
Mariana Gouveia
Participam dessa blogagem coletiva:
Adriana Aneli – Alê Helga – Claudia Leonardi – Darlene Regina – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega Roseli Pedroso
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