Sete Luas foi aquele apaixonar diário desde o convite vindo por email e a palavra Cais rondou meus dias por um bom tempo.
Quando bati os olhos na capa – ainda sendo dúvidas da editora -Lunna – horas antes do lançamento – rendi -me!
O amarelo foi como se o dourado da lua cheia invadisse as janelas do edifício e ali, todas as fases e sensações dos escritos me invadisse. Foi quase um uivo de lua.
Aconteceu uma pausa entre o encanto e a posse. O carteiro de todo dia não cabia em risos e repetiu a frase quase que costumeira quando o pacote ganhava meu abraço: – acho que a sua lua chegou!
Sufoquei – me com as luas incompletas e fiquei a beira do cais esperando que a poesia me guiasse. Era possível repetir a palavra encanto nas fases da lua.
Sete Luas é esse frescor e guardo como relicário e nas noites sem lua vou lá na estante e cheiro a maresia dentro dos poemas.
Enquanto saboreio as palavras uma lua em vírgula brinca no céu e me lembra que se eu apontar o dedo para as estrelas, nasce uma verruga bem na ponta do nariz – porque aqui, a lua é a parte principal…
No meu Scenarium desse desafio de fevereiro, Sete Luas e No cais outra vez me leva pelos ancoradouros de minha infância como se sempre estivesse ali, faminta de amor e possuída de saudades. E ainda nem sabia o que era amor.
o cais a seus pés
e o mar em seu estado bruto
– de onda
Quase fases de luas cheias o tempo todo.
Sabe aquelas fases em que você sempre viveu e que é quase além das fases a lua que você conhece? A lua oscilando na bacia cheia de água no quintal e o mar quase molhando meus pés num cenário de cais que criei na memória.
Sete Luas é esse cheiro de maresia em mim. É essa espera de alguém que não vem – ou vem. O grito preso na garganta e quando solta consegue voar pelos plexos lunares.
Foi no meu cais, por detrás da cortina que me contive na voz e nas palavras. Aluei!
As luas em suas intensidades me deixa avuada de lua… e avuada era a palavra que me definia para minha mãe:
– Esse jeito de lua que você tem, menina… Parece avuada! Essa letra feita de satélite nas pontas do dedo…
Por falar em lua…
e essa Lua de Papel que sempre me domina?
Posso ser eu, assim?
Mariana Gouveia
Sete Luas – Scenarium Livros Artesanais
Desafios de fevereiro