Das palavras das cartas · Efeito borboleta · Mariana Gouveia · Scenarium Livros Artesanais

Confesso não percebi o momento de nossas mãos algemadas

Tentei me separar enquanto você me levava
e me divirto agora que não podemos nos separar
um do outro
Adriana Aneli

Amor,

quando li o poema do tema de hoje pensei em você e de nossas rotas nessa avenida louca da vida. De como nossas mãos se encaixaram nos momentos de dores. Lembro-me de você ter dito, em uma noite dessas em que a dor era maior do que minha vontade de lutar: segurar a mão na hora da poesia é fácil. quero ver é nessa hora, se as nossas cumprem o requisito de nos fortalecerem.

Naquela noite, você simulou colocar um par de algemas em nós e desde então, não podemos nos separar. A gente ultrapassou e ultrapassa várias coisas alheias a nossa vontade. A gente já riu tanto juntos e já choramos também.

Já estivemos quietos, já gritamos ao vento e não foram poucas as vezes em que me acompanhou nas viagens doidas de meu espírito liberto. Você sempre foi o sublime ali, à espreita de mim. A me guiar, me proteger. Você é o companheiro das conversas longas, dos risos fáceis e a mão que coça as costas. Do abraço que encaixa e da vontade louca de falar de jogo.

Sabe, amor, você é o que abre as portas, que apaga as luzes, que tira o cílio quase caindo no olho e o que me enxerga poesia mesmo sem entender dela. É o meu canto de espera, meu riso de chegada e é o que me encoraja mesmo quando odeia me esperar. Você enxerga o encanto antes dele acontecer e hoje, mais do que todos os outros dias eu precisava te dizer isso.

Dizer que te amo é saber que isso não te livra do turno da noite quando o amparo briga com seu sono, nem quando minha ansiedade briga com suas piadas. Às vezes, sou só monólogo… mas quando te olho, você está ali, sorvendo minhas palavras como se bebesse um cálice. E quando a magia dos pousos é encanto demais para mim, você faz valer as algemas e vibra comigo o instante.

Grata imensamente por me amar!

Mariana Gouveia
Projeto Blogvember – Scenarium Livros Artesanais
Participam juntos comigo: Lunna Guedes – Obdúlio Nunes Ortega – Roseli Pedroso e Suzana Martins

9 comentários em “Confesso não percebi o momento de nossas mãos algemadas

  1. Aproveite a primeira hora aqui para ler blogues. A leitura está atrasada. A semana foi cheia. Passou rápido. Hoje já e dia seguinte a tantos coisas e ao ker-te, o tempo foi e voltou num único minuto. O chá ficou pronto antes que eu finalizasse a última linha e eu tive que ir impedir o grito da chaleira. Ao voltar para finalizar a leitura era outra vida. E eu ri de nossas conversas e de outras também. Coisas ditas que me fizeram rir. O que existe e não existe. O que é real ou não. Olhei lá para fora e sorri. Lembrei que ontem você falou em abraço e pronto …

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