Querido diário,
Escrever é parte de um ritual de todo dia. Às vezes, o papel e caneta ficam obsoletos no canto da mesa e a opção é o teclado.
Diante do desafio de escrever sobre as palavras mais comuns do meu vocabulário me sento e repito o mesmo ritual. Aí está uma palavra que uso muito – você sabe bem – ritual.
Levanto-me cedo e vou seguir o ritual do café. Ligo a cafeteira – somente nos fins de semana que mudo para o ritual do coador de pano, mas isso, é outra história. Enquanto a luzinha pisca, seleciona o ristretto de sempre.
Depois do café feito, enquanto os olhos passeiam pelas notícias do dia, é hora de viver o ritual do quintal – outra palavra tão comum em mim – com a xícara na mão… quem sabe, mais um café? – você conhece bem essa palavra por aqui. Basta vasculhar as folhas escritas e deve ter em média umas quinhentas mil vezes escritas, ouvidas e faladas – café. A própria palavra quase me define.
Sabe, diário, o quintal me pertence e eu a ele. Molho as plantas, retiro as folhas secas… Adoro varrê-las… a sinfonia que elas fazem é música para meus ouvidos. E vem a palavra música que repito tanto aqui… vamos ouvir uma música? Vamos dançar essa música e assim, a musicalidade alcança meu dia.
Meu bebezinho… e já adianto que falo isso para o Chiquinho – meu beija-flor – que me acompanha em voos quando grito por seu nome. Chamo assim Yoshi também e essa é outra palavra que se tornou comum por aqui: onde anda Yoshi, Lolla? Cadê meu bebezinho? Isso acontece todos os dias e em grande parte da manhã…
Quem chegou? – essas palavras causam grande euforia nos cães, e repito várias vezes, que já é comum.
Falo vento, pensamento e até calor… de futebol… de fisioterapia e você sabe do que estou falando… Os movimentos limitam-me na escrita com você.
Ah, são tantas as palavras que falamos que a experiência se torna estranha. Anotar a mais usada é quase clichê… sabe qual é a palavra que mais eu repito por aqui? E serve para quase tudo que busco e penso: cadê? Cadê pai, cadê Yoshi, cadê Lolla, cadê a lua? cadê meu telefone, cadê minha linha, cadê minha agulha?!!! Isso não quer dizer que eu não seja organizada e não saiba onde guardo ou deixo as coisas… Na maioria das vezes, as coisas estão nas minhas mãos ou ao alcance…Cadê meu diário?
É assim, diário, que finalizo com um beijo e vou ali no quintal ver se tem nuvens com formato de amor.
Beijos,
Mariana Gouveia
Projeto Blogvember – Scenarium Livros Artesanais
Participam juntos comigo: Lunna Guedes – Obdúlio Nunes Ortega – Roseli Pedroso e Suzana Martins
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