Choveu em uma tarde banhada de sol enquanto eu lia meu diário. Rabisquei algumas palavras mudando o sentido das coisas. Depois reguei as flores que não receberam as gotas da chuva.
Depois de dois convites para sair – que recusei apenas com resmungos – fui andar descalça no quintal enquanto Ed Sheeran tocava no repeat. Às vezes, minha solidão precisa da companhia de canções. Desfiz o naperon de crochê – errei na cor da linha – e recomecei do zero. Já reparou que, às vezes, o zero, é um começo?
Marte em sua melhor presença segue a lua em seu quarto crescente ou seria ao contrário? Fico pensando se é ela que ronda as estrelas em busca de companhia. Aprendi o nome de uma planta que nasceu no quintal sem que eu tivesse as sementes. As sombras invadem as janelas abertas enquanto minha mão fabrica chuvas nos vasos que ficam dentro da varanda.
Guardo as fotografias em preto e branco dentro do diário em uma data preferida. No coração, trovoa. Enquanto penso em coisas que eu gostaria que acontecesse começa a tempestade no interno de mim. Alerta vermelho de explosões vulcânicas na alma.
Mariana Gouveia
*frase do poema de Egito Gonçalves
Mais um domingo aqui. Nuvens e sol. Sol e nuvens. Em algum lugar chove e o meu corpo sente nos músculos e nervos. Fiquei a pensar no seu quintal, diário e as palavras que escolhe para dize-lo…
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Aqui há nuvens grossas a anunciar uma tempestade. Penso em tu.
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