Não contei as horas do dia
porque imaginei que os poemas nasciam no ocaso
no poente
onde o crepúsculo me trazia
sua voz mil vezes ou mais
entre o gradiente das cores e a canção que eu ouvia.
Mariana Gouveia
O crepúsculo acontecia sempre dentro de mim antes do sol adormecer lá fora. Eu ficava horas a esperar por ele e em muitos momentos eu dancei com as nuances de cores no céu. Você pode estranhar o fato de sempre eu falar de dança, mas sou movida a música e de alguma maneira, meu corpo sempre responde a canção.
Quando ele acontece é a hora que a minha cidade fica mais bonita, feito moça se aprontando para a festa. As nuvens parecem o veludo da fita que prende o cabelo e as silhuetas me levam para lugares guardados na memória.
Do meu quintal, alcanço apenas um pequeno rasgo do céu entre a árvore seca no quintal do vizinho e torre de alta tensão da rua de cima, bem diferente de quando o sol nasce pela manhã atravessando o telhado da vizinha da esquerda.
Mas quando consigo ir até o campo, logo depois da curva, onde antes havia um bosque eu me derreto com as coisas e reverencio o universo. Respiro as cores que me atinge e é ali que busco forças para continuar seguindo.
Me sinto tão pequena, às vezes, diante da beleza e das formas que as nuvens criam em um céu tão meu… No meu lugar.
Depois disso, a cidade se prepara a a noite, mas durante algumas horas, o crepúsculo ainda dura aqui, dentro do meu coração.
Mariana Gouveia
Projeto fotográfico 6 on 6
Scenarium Livros Artesanais
Lunna Guedes – Obdúlio Nunes Ortega – Isabelle Brum – Roseli Pedroso
Em si mesmo, o pôr-do-sol já é um poema.
Saudações fraternais.
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Com toda certeza… mas, o crepúsculo é um poema a parte. Depende dos raios solares mas é um luxo à parte o que faz com eles.
Abraço
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Concordo plenamente.
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Acho (apenas acho) que serei obrigada a ler o outono de um certo diário, para pousar em seus quintais…
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O meu quintal é tão seu que mesmo que nunca pise nele haverá coisas tuas espalhadas entre as flores que brotam, o pássaro azul que voa aqui e sua voz ecoando no aplicativo de mensagens debaixo do pé de ipê… falei da lua – aquela que te dei? – falei do céu, em formato de corações?/ e do fim da tarde minha, quase noite sua aí…
Grazie por tanto!
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